quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Do mal como bem

Eis que seu toque veio ao meu rosto

Como a água chega ao sedento...

Acalentou-me e fez com que o frio fosse embora...

Estive nu e me vestistes...

Estive faminto e me alimentastes...

Era forasteiro e me acolhestes...

Estava morto e me ressuscitastes...


Eis que a mesma mão que afaga

Foi a mesma que mão que apunhala.

Contradisseste-se...

Olhastes em meus olhos e declarastes amor...

Oh! Quanta perfídia!

Roubastes dos meus olhos o brilho.

E do meu rosto o sorriso...


Mas deixastes à vida que consigo trouxestes.

Largastes-me a beira do abismo...

Sinto muito! Eu não pulei...


A vida que me trouxestes deu a luz

E as dores de parto foram tuas palavras falsas!

Mas eis que delas nasceram um lindo fruto:

A esperança.


Agradeço-te...

Estou vivo, de pé, e logo estarei bem.

Você só poderá lamentar, já que como você, conheci e conhecerei muitas.

Como eu (Que tristeza a sua) só existo eu...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sobre amores a primeira vista e calçadas

-Inferno!!!!

Imagine a cena: Você está vindo distraído por uma calçada cheia de gente feia, suada e mal humorada tropeçando nos vãos quebrados que o FDP do prefeito á meses promete que vai tapar… Enfim, daí de repente você se depara com aquela figura, se destacando da multidão… Cabelos castanhos, longos e esvoaçantes emoldurando uma linda pele branca e aveludada, corada por bochechas rosadas e uma vermelha e carnuda boca… Ah!!! Convidativa boca! Daria um dia da minha vida pra tocar naquela linda boca…
cada passo que dou… A cada passo que ela dá…
Dois passos mais perto a cada passo…
Seios voluptuosos acompanham o ritmo do caminhar dela…
O mundo começa a dançar seu ritmo… Dançamos sua música enquando ela passa…
Seus quadris… Ah, que quadris…
Vão se movendo lentamente, enquanto tudo ao seu redor vai se extinguindo.
Ela apenas passa e tudo perde a graça (desculpe Jobim, não fiz de pirraça…)…
Ela é a cor, e o resto se torna fosco e pastel…
Eis que me encontro tão perto… Magnífica estátua de porcelana branca vívida… Posso sentir seu perfume…
Flutuo ao seu encontro…
Eu e ela… Dois deuses pairando no ar… Eis que a dois metros (dois únicos metros) de distância, tropeço em meus pensamentos (ou seria num maldito buraco na calçada?) e me esborracho no chão…
Minha deusa olha a minha estatelada figura espalhada sobre a calçada, solta seu lindo riso, joga seus cabelos de seda e segue o seu rumo…
Levanto-me, recomponho-me, olho para trás, mas ela já se foi…
Tento consolar-me… Ao menos por um instante ela me notou…
E riu de mim… Maldito buraco!!!! -Inferno!!!!

Soneto para um coração

Coração? Pra que serve?

A dor que eu sinto não se descreve!

Coração, por que palpitas (?)

pois quando bates, dor me incitas…

Coração, por que latejas?

Ela se esconde pra que eu não a veja.

Coração, por que insistes

em me lembrar que ela existe?

Coração malvado,

bates descompassado

e me deixas tão deprimido…

Coração apaixonado,

por um beijo enganado,

e hoje deveras arrependido…

Mistérios (O começo do amor)

Que mistérios você guarda por trás destes olhos

que despem minha alma,

que baixam minha guarda,

invalidam minhas palavras

e dão inércia aos meus atos

Que atração você guarda em si,

que me agita e me acalma,

que me fere e que me cura,

que me falta e me completa,

que me mata e me ressuscita?

Que poder você tem

que me prevê,

Que me confunde,

Que me assusta,

porém me fascina?

Quem é você?

De onde você veio?

O qu você tem de errado (ou de certo)

qu me intimida?

Mas não quero que você me conte…

Mistérios são pra ser desvendados…

Enquanto eu desvendo seus mistérios,

você desbrava meu coração…

Do amor como doença

O homem inventou o avião, a penicilina, o macarrão…

O homem criou modos de produzir energia…

O homem até achou modos de modificar a sua própria natureza…

O homem descobriu a América, a cura pra varíola;

O homem já foi até a Lua!

Então, por que cargas-d’aguas o homem não conseguiu inventar uma cura pro amor?

Podia ser uma injeção, um comprimido…

Podia ser uma cirurgia! Um nervinho aqui, uma veinha ali, e “voilá”…

Podia até ser um desses equipamentos, como o de ressonância magnética! Você entra lá dentro, e quando sai: -É um milagre!!! -Está curado!

Curado nada, já que amor não é doença.

Mas o que é amor mesmo?

Como diria Camões: Fogo que arde sem se vê; Ferida que dói e não se sente…

Não se sente?!?!?!?!

E o que são os calafrios? Começo de gripe?

E as borboletas no estômago? Gastrite?

E o coração disparado? Arritimia?

É… Acho que o amor é sim, um tipo de patologia… Grave e sem cura!

Mas ainda não se formam “Amorologistas” nas faculdades…

Não há “Amoricilina” ou “Amoralgina” pra tomar de oito em oito horas…

A natureza agradeceria…

Quantos lenços de papel ao menos pra enxugar as lágrimas?

Quantas flores seriam poupadas?

É…

Enquanto o amor ainda não se enquadra na ordem das patologias, e ninguem descobre um remédio, nem a cura, eis aqui um triste paciente terminal, dando seus últimos suspiros e se preparando pra morrer dessa injusta doença chamada amor…